domingo, 25 de março de 2018

Prefeitura quer licitar de novo linhas que sumiram das ruas

Cansado de esperar: Jorge na Rua Campo Grande, no ponto da Linha 826, que deixou de circular no início do ano passado

Da linha 826 (Campo Grande-Carobinha), só sobrou a placa informando o local de parada na Rua Campo Grande, no bairro de mesmo nome, na Zona Oeste. O ônibus já não passa por ali desde o começo do ano passado. Essa e pelo menos outras 22 linhas, também desaparecidas das ruas, podem ser alvo de uma nova licitação, segundo a prefeitura.
— Se a promessa for adiante, vai ser um progresso. O que não pode é deixar as empresas sumirem com as linhas, usando a crise como desculpa. Essas linhas desapareceram quando a tarifa ainda era R$ 3,80 — argumenta o técnico em informática Jorge Lucas Araújo, de 22 anos, morador em Campo Grande e ex-usuário da 826.
A Secretaria municipal de Transportes não dá detalhes, mas confirmou que a possibilidade de uma nova licitação está em estudo. Especialistas ouvidos pelo EXTRA afirmam que a solução pode não ser tão simples.
Para o engenheiro de trânsito Alexandre Rojas, professor da Uerj, a medida poderia dar origem a nova briga judicial entre a prefeitura e as empresas, o que atrasaria ainda mais a solução. Ele acredita que, para rebater o argumento da prefeitura de que os consórcios romperam o contrato ao deixar de atender os passageiros, as empresas poderiam alegar que a quebra partiu primeiro do município, ao não autorizar o reajuste das tarifas.
— O combustível, que é o principal insumo do transporte, aumentou e, sem poder repassar este custo para as tarifas, a remuneração das empresas caiu. Elas podem usar isso como argumento — analisa.
O professor do Departamento de Engenharia da PUC-Rio José Eugênio Leal tem a mesma opinião.
— Juridicamente é complicado. Parece mais um improviso (da prefeitura) — criticou.

Passageiros ainda têm esperança

O operador de lojas Rodrigo Pereira de Avila, de 24 anos, tem esperança de ver novamente circulando a linha 742 (Padre Miguel-Cascadura), que ele utilizava para se deslocar até o trabalho, em Coelho Neto. Atualmente, o jovem precisa recorrer a duas linhas para fazer o percurso.
— Acho necessária a nova licitação, uma vez que as empresas demonstram claramente a incapacidade de operar a linha. Ela faz muita falta. Hoje tenho de pegar dois ônibus, o 777 e o 393, e ainda caminho mais um pedaço para chegar ao trabalho. Antes era um só. Sem contar que ainda perco de 30 a 40 minutos no trajeto — reclama o morador de Padre Miguel.
Já o morador de Santa Cruz, Rafael Monteiro dos Santos, de 24 anos, cobra o retorno da 365 (Largo do Mendanha-Tiradentes).
— É uma linha importante, pois além de servir como ligação com o Centro, também fazia conexão com linhas que levam a outros bairros.

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