sábado, 31 de outubro de 2015

Viação Algarve – Quando será o enterro e quem vai segurar a bomba?

Diante dos problemas evidentes denunciados pela mídia, interdições pelo Procon e a falta de fiscalização pra Prefeitura, a Algarve já está morta, só falta enterrar. Agora…Quando?
Um dos problemas recorrentes encontrados nos ônibus da Algarve é a falta de um (ou dos dois) limpador(es) de parabrisa, item obrigatório, segundo o Código de Trânsito Brasileiro.
Um dos problemas recorrentes encontrados nos ônibus da Algarve é a falta de um (ou dos dois) limpador(es) de parabrisa, item obrigatório, segundo o Código de Trânsito Brasileiro.
Hoje, o Procon Estadual, em mais uma fase da Operação Roleta Russa – cujo objetivo é verificar irregularidades nas empresas de ônibus do RJ, fez uma visita na Viação Algarve, cuja sede fica no bairro de Paciência, Zona Oeste do Rio. É sabido de todos nós que a situação do Consórcio Santa Cruz está crítica desde o início do fim das empresas Andorinha e Rio Rotas (ônibus mal-conservados, quebrando toda hora, risco grave de acidentes, entre outras coisas). Na Algarve, os fiscais interditaram 28 ônibus, mas se dependesse do Procon, a empresa toda iria ser fechada, pois dos 300 ônibus que a empresa possui (incluído justamente os carros da ‘Andorrotas’, que estão atreladas à Algarve), somente 100 possui condições de rodar – e ainda assim todos com as vistorias muito atrasadas, algumas datadas de 2010 (ano em que houve a licitação – que muitos julgam até hoje que é uma farsa, para beneficiar as empresas do Grupo Guanabara, comandado pelo empresário Jacob Barata – e houve também a fusão da antiga Oeste com a Algarve).
Um dos BRT's da empresa. Embora estejam muito mal-conservados, são um dos poucos ônibus com a manutenção razoável na empresa.
Um dos BRT’s da empresa. Embora estejam muito mal-conservados, são um dos poucos ônibus com a manutenção razoável na empresa. Foto: Gabriel P. Gomes / Acervo Flumibuss RJ
A Prefeitura, sempre que a mídia relata problemas na Viação Algarve, diz que vai reforçar a fiscalização e tal. Mas como reforçar a fiscalização se o corpo para fazer tais ações só possui 40 funcionários? A frota total de ônibus na cidade do Rio é de 8.900 ônibus, se cada um dos 40 fiscais irem para as ruas, a média de vistoria para cada fiscal vai ser de 223 ônibus por fiscal! Um número alarmante, que, sendo desta forma, “permite” que as empresas, sabendo da pífia manutenção, obrigam seus funcionários a dirigirem ônibus praticamente se desmontando e meio que na marra – e ainda sob risco de ter desconto em caso de alguma batida, decorrente da falta de manutenção. Quem não se lembra do acidente com o ônibus da Viação Oeste Ocidental 43201 que tombou na Avenida Brasil, ocasionando a morte de 2 pessoas e que deixou evidente a falta de manutenção da empresa? Vai ser preciso que ocorra um acidente para a Prefeitura oficializar o descredenciamento da empresa (quando a consorciada comete infração gravíssima ao código disciplinar do SPPO)?
Para o Procon, não será preciso. Ainda sobre a vistoria feita hoje, em entrevista à Rádio Tupi, o órgão informou que entrará com um recurso no Ministério Público Estadual obrigando à Secretaria Municipal de Transportes fechar a Algarve. Só que nisso se esbarra em mais um empecilho. Quem assume as linhas? O Consórcio Santa Cruz só possui 9 empresas, onde já teve um processo de reestruturação para absorver as linhas que antes eram operadas pela dupla Andorinha – Rio Rotas, e um novo processo de reestruturação oneraria mais custos para as empresas, saturando-as e, dependendo das circunstâncias, até quebrando.
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Um dos frescões que a empresa opera. Nem nestas linhas, cuja passagem custa de R$ 9,50 à R$ 12,00, a manutenção está em dia, e, dependendo das circunstâncias, pode ocasionar incêndios acidentais que complicam o trânsito, principalmente na Avenida Brasil. Foto: Gabriel P. Gomes / Acervo Flumibuss RJ
A Algarve tem hoje registrada 19 linhas, mas opera efetivamente apenas 13 linhas – 6 delas foram desativadas sem nenhuma explicação. Os frescões, uma das principais “fontes de renda” da empresa, sofrem demais com a falta de manutenção. Quase sempre é comum encontrar um ônibus enguiçado, ou então, incendiado na Avenida Brasil travando todo o trânsito vindo da Zona Oeste ou do Centro. A mídia cai em cima da Prefeitura, só que nada é feito para que os passageiros da Zona Oeste se sintam um pouco mais contentes em ter ônibus decente para servi-los. Algumas perguntas ficam no ar, inclusive com algumas que podem permanecer sem nenhuma resposta, graças à conivência:
  1. Algarve já está morta, quando será o enterro e quem vai segurar a bomba?
  2. Se houver o colapso nos transportes do RJ, o Prefeito vai admitir que foi tudo culpa exclusivamente dele e dos comandantes do início da era dos consórcios e do atual secretário (Alexandre Sansão e Rafael Picciani)?
  3. Em caso de nova licitação, quem vai criar coragem de operar um sistema falido, cuja Prefeitura investe em BRT – e, ao invés de colocar como uma alternativa às linhas convencionais, corta todas as linhas, sobrecarregando demais?

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