Três meses após a Secretaria municipal de Transportes reduzir a velocidade máxima permitida no BRT Transoeste de 70km/h 60km/h, no trecho que vai do Terminal Alvorada ao Túnel da Grota Funda, os motoristas ainda não respeitam o limite. O EXTRA mediu a velocidade de vinte veículos articulados na Avenida das Américas, na altura das obras do campo de golfe olímpico, na Barra, com o auxílio de um radar pistola semelhante ao utilizado nas estradas pela Polícia Rodoviária Federal. Resultado: onze ônibus — mais da metade do total observado — trafegavam a uma velocidade superior a 60km/h naquele ponto.
A medição também foi feita no interior dos ônibus. De olho no velocímetro dos veículos, o repórter fez três viagens no trajeto Alvorada-Recreio e constatou que os três motoristas ultrapassaram 60 km/h em diversos momentos, apesar das placas de sinalização e dos radares da CET-Rio espalhados pela via.
A decisão de reduzir a velocidade foi tomada pela prefeitura em outubro do ano passado, por questão de segurança, com base num relatório da CET-Rio feito após um histórico de acidentes envolvendo o sistema BRT. Para José de Oliveira Guerra, professor de Engenharia de Transportes da Uerj, o descumprimento da decisão por parte dos motoristas é prejudicial para a população.
— Há um aumento considerável do risco de acidentes na medida em que se trafega em velocidades mais elevadas. O veículo precisa de mais tempo e espaço para frear, por exemplo — diz ele.
O especialista vai além. Na opinião dele, os mesmos critérios levados em conta pela CET-Rio para sugerir a redução na velocidade máxima do BRT na Barra, de 70km/h para 60km/h, deveriam ser considerados para o trecho que vai do Túnel da Grota Funda até Santa Cruz. Na última terça-feira, ocorreram dois acidentes — um na estação Pontal, em Vargem Grande, e outro na CTEx, em Guaratiba — que deixaram 150 feridos.
— Isso deveria ser feito até por coerência. A velocidade de segurança é determinada a partir de questões físicas da via e da própria condução do veículo — diz o engenheiro.
Em Guaratiba, onde aconteceu um dos acidentes, a velocidade máxima permitida para o BRT é de 80km/h. Considerando outras capitais que contam com o sistema, o limite do BRT do Rio é o maior. Em São Paulo e Curitiba, é de 50km/h. Em Belo Horizonte e Brasília, o máximo é 60km/h.
Consórcio investe no treinamento
O consórcio BRT afirmou, por nota, que a capacitação dos profissionais é uma prioridade, e garantiu que programas de treinamento para inibir comportamentos inadequados são promovidos com regularidade. O consórcio acrescentou que determina às empresas que punam com rigor todos os desvios de comportamento de motoristas, pois não tolera atitudes que contrariem o treinamento. Segundo a nota, todos os profissionais flagrados cometendo irregularidades são identificados e afastados de suas funções, com base em dados da fiscalização eletrônica da CET-Rio, de fiscalização própria ou a partir de relatos, que podem ser feitos por meio do serviço Fale Ônibus 0800 886-1000 (ligação gratuita).
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