domingo, 5 de fevereiro de 2017

'Linhas que foram extintas voltarão às ruas', diz secretário de Transportes

Secretário de Transportes anuncia mudanças no sistema de ônibus

A racionalização de ônibus promovida pela gestão de Eduardo Paes entre 2015 e 2016 será desfeita. A mudança é um antigo desejo de parte da população — que ainda se acostuma com a extinção e modificação das linhas. Em entrevista ao EXTRA realizada no gabinete da Secretaria municipal de Transportes, em Botafogo, o vice-prefeito e secretário Fernando Mac Dowell afirmou que fará uma pesquisa de opinião para saber os desejos da população e que já acertou com as empresas as empresas a volta de alguns trajetos. O engenheiro de trânsito também fala sobre a implantação de ar-condicionado na frota de ônibus da cidade, do BRT TransBrasil, cuja obra está parada, mudanças no porto e os problemas com impostos que o secretário garante estar em dia.
Na próxima quarta-feira, haverá uma audiência judicial com o Ministério Público, as empresas de ônibus e a secretaria para tratar sobre a meta de refrigeração da frota. O acordo anterior previa que 100% dos veículos deveriam ter o aparelho, o que não aconteceu. Quando a frota será toda climatizada?
Eu recebi as empresas aqui e conversamos. Elas dizem a verdade quando alegam que não fazem parte do acordo anterior. Ele foi feito entre a gestão antiga da Prefeitura do Rio e o Ministério Público. No entanto, eles precisam refrigerar, sim, a frota. Eles devem apresentar nessa audiência um cronograma para essa refrigeração de frota. Esse cronograma, claro, também vai ser analisado pela secretaria para avaliar se o tempo é razoável. Nesse acordo que fizemos com a RioÔnibus, está decidido que a empresa que não cumprir as metas de refrigeração perderá automaticamente o direito à concessão. Não vai nem para a Justiça. Vai perder direto. Eles já aceitaram isso.
Qual a justificativa das empresas de não ter climatizado toda a frota até agora?
Um ônibus sem ar-condicionado não pode ser adaptado para receber o aparelho. Então, eles afirmam que precisam comprar novos veículos. O problema é que, segundo as empresas, está cada vez mais difícil conseguir financiamento nos bancos de investimento. Os juros estão cada vez mais altos. Outro problema é o da racionalização feita pela antiga gestão. Ela previa a diminuição de coletivos na rua. Então, a empresa, se fosse comprar todos os ônibus que devia pelo acordo entre a prefeitura e o MP, teria que depois tirar o veículo da rua. Não fazia sentido. Agora, vamos rever tudo. Vamos refazer essa racionalização, ver a real quantidade de ônibus que eles vão precisar e em quanto tempo comprarão. Isso será decidido com um acordo entre a secretaria e a RioÔnibus.
Então está decidido que o senhor vai mexer na racionalização dos ônibus feita pelo prefeito Eduardo Paes?
Sim. Parte das linhas que foram extintas voltarão às ruas. Ainda estamos estudando como vamos fazer isso para as pessoas não terem outro processo de mudança muito brusco e não ficarem mais perdidas ainda. Mas o usuário não gostou daquela mudança e vamos rever. Na próxima semana, começamos uma pesquisa para ouvir a população. Queremos saber o que elas querem e decidir em cima disso. Eu já conversei sobre esse tema com as empresas e me surpreendi. Elas adoraram ideia porque se sentiram prejudicadas com essa mudança de itinerárias. Os passageiros também. Hoje, o usuário de ônibus é forçado a pagar duas passagens. Então, eles querem, os usuários querem e nós queremos.
Só as linhas devem mudar?
Não. As mudanças nos pontos de ônibus também deverão voltar atrás. Em Copacabana, por exemplo, tem uma distância de cinco quilômetros entre os pontos. Vamos rever isso. O bairro é cheio de velhinhos. Está errado. Outra coisa que queremos mudar é a cor dos ônibus. Vamos voltar aos ônibus como eram antes. Cada área da cidade com uma cor. As empresas também gostaram dessa mudança. Era uma marca do Rio ter os ônibus coloridos.
Quando as linhas extintas devem voltar a circular?
Estamos nesse processo de estudo ainda. É um processo. Até o fim do ano, com certeza, algumas das linhas já voltaram a circular.
O senhor mexerá no projeto do BRT TransBrasil?
Quando eu estive na Avenida Brasil, para reabrir a terceira faixa, percebi que há erros no projeto. As vigas daquele viaduto que ainda não está sendo usado foram feitas sobre o asfalto da via. Isso diminui a capacidade da Avenida Brasil. O que quer dizer que menos carros poderão passar. Você não pode deixar uma faixa livre para o BRT e congestionar do lado achando que os motoristas vão migrar para o ônibus. Na Colômbia, o modelo desse modal para o Rio, esperavam 3,6% de migração e teve 2,5%. Aqui não tem estudo, mas aconteceu a parecido. Se parar a via dos carros, só atrapalha mais o trânsito. Vamos estudar o que a gente pode fazer para resolver esse problema.
Durante a campanha, o senhor afirmou em entrevista ao EXTRA que pretende mexer no porto da cidade, cuja gestão é do Governo Federal. Como está esse processo?
Eu mostrei o projeto para o (prefeito Marcelo) Crivella, ele gostou e levou ao (presidente Michel) Temer, que deu o sinalzinho verde. Já fiz esse trabalho em outros lugares do Brasil. Quero que os portos do Rio recebam navio com o calabouço maior. Essa é a parte de baixo do navio, onde ficam os contêineres. Hoje o porto da cidade do Rio recebe navios com oito metros de calabouço. Quero aumentar para receber navios com 20 metros de calabouço. Assim, vamos poder passar de 200 mil para três milhões de contêineres por ano. Imagina isso para a economia do Rio. Vamos mexer no Caju, arrumar as saídas. Fiz isso em outros lugares sem gastar um centavo, com a iniciativa privada. E é o que vamos fazer aqui no Rio também.
O senhor está em dívida com os impostos?
Eu parcelei uma dívida que tive porque tive problemas financeiros. E estou pagando tudo. Sou uma pessoa comum. Acabei atrasando setembro, outubro, novembro e dezembro. Aí, ela voltou a crescer. Com a crise financeira, não consegui pagar. Sou um cidadão que vive do meu trabalho. A crise econômica do país fez com que muita gente deixasse de me pagar e os trabalhos sumiram. Eu trabalho com infraestrutura, que foi muita atingida por essa crise. Eu tenho história na área. Fiz o Aeroporto de Cumbica (em São Paulo), o metrô do Rio, trabalhei na China, tenho projetos em vários locais do Brasil. Sou notório saber (título na universidade). São poucos no Brasil que tem esse título. Mas, quando pararam as obras no país, fiquei sem conseguir pagar. Mas já estou colocando tudo em ordem. Como renegociei, não há atraso. Qualquer cidadão pode parcelar em quantas vezes quiser (o acordo prevê pagamento em 84 parcelas). Isso é direito de qualquer contribuinte.
A escolha da subsecretária Kelly Serra do Amaral causou críticas a gestão do senhor porque ela tem uma matrícula no município de merendeira. Porque o senhor a escolheu?
O que ninguém fala sobre isso é que ela é bacharel em Direito. Isso é preconceito. Essa moça começou a trabalhar com criança e depois foi para a área de gestão. Ela que faz isso tudo funcionar. Acompanha tudo e resolve todos os problemas. Nas reuniões com os empresários de ônibus, ela traz a experiência de quem usa ônibus. E descomplica todas as coisas para a gente. Não abro mão dela. O trabalho que ela está fazendo é excelente.


Leia mais: http://extra.globo.com/noticias/rio/linhas-que-foram-extintas-voltarao-as-ruas-diz-secretario-de-transportes-20873668.html#ixzz4XoOfs92l

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