terça-feira, 29 de março de 2016

Novo leilão da Busscar também não tem propostas

Bussc ar
Ônibus Diplomata, da Nielson, nome anterior da Busscar. Modelos fizeram sucesso nas estradas brasileiras em grandes e pequenas transportadoras
Encarroçadora de ônibus teve falência decretada em 2012.
ADAMO BAZANI
Não houve novamente propostas no pregão eletrônico para a segunda fase do leilão de três ativos da encarroçadora de ônibus Busscar, que acabou há pouco (14h40 – 29/03/16), segundo o site da empresa responsável pelo procedimento.
O Blog Ponto de Ônibus trouxe a informação minutos depois da confirmação.
O valor mínimo para os lances dos três ativos da Busscar foi estipulado em R$ 221 milhões 583 mil 553,59.
Quatro grupos empresariais se interessaram pelos bens, entre eles uma encarroçadora de ônibus e duas empresas dos setores rodoviário e urbano, mas por valores menores. Os nomes dos interessados foram mantidos sob sigilo oficial para não atrapalhar negociações que serão acompanhadas pela Justiça.
É bem provável que sejam vendidos prédios e maquinários isoladamente, o que colocaria por fim as esperanças de a Busscar voltar a fabricar com esta marca.
Na quinta-feira, deve ser realizado um encontro entre o administrador judicial Rainoldo Uessler e o juiz titular da 5ª Vara Cível, Luís Felipe Canever. Deve participar também a empresa leiloeira.
As novas negociações devem durar 60 dias.
Também houve a opção de arremate dos ativos separadamente pelos seguintes valores mínimos estipulados:
Unidade Joinville SC – Fábrica de Carrocerias – R$ 149 milhões 918 mil 020,56
Unidade Pirabeiraba – Joinville SC – Fábrica de Peças. – R$ 15 milhões 797 mil 159,66
Unidade Rio Negrinho SC – Fábrica de Peças. – R$ 10 milhões 786 mil 186,48
Na primeira tentativa de leilão neste ano, no dia 15 de março, o valor dos três ativos foi estipulado em R$ 369.305.922,65 (trezentos e sessenta e nove milhões, trezentos e cinco mil, novecentos e vinte e dois reais e sessenta e cinco centavos), mas não houve interessados.
A empresa, que já foi uma das maiores produtoras de ônibus do País, teve a falência decretada pela primeira vez em 2012. As dívidas se aproximaram de R$ 2 bilhões, contanto com trabalhadores, fornecedores, bancos e impostos.
Já foram arrematados da massa falida da Busscar Ônibus os seguintes ativos: a fábrica de peças e materiais de fibra Tecnofibras, a Climabuss – de equipamentos e refrigeração e as ações da Busscar Colômbia, empresa que atua naquele país.
BREVE HISTÓRICO:
A Busscar foi fundada oficialmente como Nielson no dia 17 de setembro de 1946, com iniciativa de Augusto e Eugênio Nielson que começaram uma pequena oficina em Joinville, atuando na construção de móveis e utensílios e fazendo reparos em carrocerias de caminhões e cabines. Em 1948, a Nielson fez seu primeiro veículo de transporte coletivo, uma jardineira – ônibus simples feito de madeira. O veículo da Nielson foi uma encomenda da empresa Abílio & Bello Cia Ltda, que fazia a linha Joinville – Guaratuba, em Santa Catarina.
Foi na época do surgimento empreendimento dos Nielson, que o Brasil começava assistir mais intensamente o crescimento das cidades e também das relações comerciais entre as diferentes localidades. Tudo isso demandava uma maior oferta de transportes. Assim muitos empreendedores compravam chassis de caminhão, como da Ford e da GM, e precisavam transformá-los em ônibus para enfrentar as difíceis estadas de terra e verdadeiros atoleiros. Nesta época, a Nielson & Cia Ltda. tinha o comando do patriarca da família, Bruno, e do filho Harold.
Em 1958, um dos marcos para a Nielson foi o projeto de estrutura metálica para os ônibus.
No início dos anos de 1960, ganhavam as estradas os modelos Diplomata, carroceria de dois níveis que lembravam os Flxibles norte-americanos que, quando foram importados pela Expresso Brasileiro Viação Ltda eram chamados de Diplomata. A Nielson então conquistava definitivamente o mercado.
Nos anos de 1980, Nielson cresce mais e no segmento de rodoviário travava disputa acirrada com a Marcopolo e no segmento urbanos, a briga era com a Caio, praticamente de igual para igual.
A linha Diplomata tinha recebido novas versões e o Urbanuss ganhava atenção dos frotistas.
Por uma estratégia de negócios, a Nielson mudou a marca para Busscar. Inicialmete a marca foi conhecida como Busscar-Nielson. Surgiram os rodoviários El Buss e Jum Buss  e os urbanos da linha Urbanuss.
Em 2002, a Busscar começa enfrentar dificuldades financeiras. A família Nielson alegava problemas motivados pela variação cambial e também dificuldades de créditos, mas já havia também erros administrativos internos. O BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social chegou a realizar empréstimos para empresa, que não foram plenamente honrados. A recuperação não foi plena, havendo novamente outro problema financeiro em 2004. A última crise da Busscar começou em 2008, quando a empresa começou a atrasar salários.
Depois de uma dívida que se aproximou de R$ 2 bilhões, contando juros, impostos e débitos com fornecedores, trabalhadores e bancos, a empresa teve a falência decretada em 27 de setembro de 2012 pelo juiz Maurício Cavalazzi Povoas. A decisão, no entanto, foi anulada em 27 de novembro de 2013, após recursos judiciais. No entanto, os recursos caíram em 5 de dezembro de 2013. A família Nielson chegou a apresentar um novo pedido de recuperação judicial, mas o juiz Luis Felipe Canever, de Santa Catarina, após negativa por parte dos credores, decretou no dia 30 de setembro de 2014, nova falência da encarroçadora de ônibus Busscar, que já foi uma das maiores do Brasil.
Os negócios continuam na América Latina com a atuação em parceira de outros grupos, com destaque para as operações na Colômbia.
A Busscar Colômbia foi formalizada no ano de 2002 sendo fruto de uma aliança entre a indústria local Carrocerías de Occidente, empresa fundada em 1995, e a Busscar Ônibus do Brasil, fundada pela família Nielson em 17 de setembro de 1946.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

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