terça-feira, 11 de junho de 2013

BRT: BRT: um ano de história

O BRT TransOeste completou um ano de funcionamento, na última quinta-feira (6). A reportagem do portal Utilità Online traz, nesta matéria especial, fatos marcantes sobre a recente história dos articulados, como os benefícios trazidos pelo sistema e os acidentes ocorridos.

Os BRTs passaram a funcionar durante 24 horas, dois dias após a inauguração, e as 53 estações, de Santa Cruz à Alvorada, foram entregues como a Prefeitura do Rio prometeu.

A TransOeste conta com 56 quilômetros de extensão e 64 estações, tem capacidade para atender até 220 mil passageiros por dia, e passa por sete bairros da cidade — Barra da Tijuca, Recreio dos Bandeirantes, Guaratiba, Santa Cruz, Cosmos e Campo Grande.

O túnel da Grota Funda, que conta com 1.112 metros de extensão, mudou a rotina de quem precisava atravessar a serra da Grota Funda para ir e voltar do trabalho. O tempo de travessia, que antes chegava a 30 minutos no horário de maior fluxo, leva hoje um minuto, em média. Não é permitido o tráfego de caminhões — estes devem usar a serra para se deslocar.

O motorista Clebiano Santos, que participou da evolução dos BRTs, rasga elogios aos articulados:

— Já dirigi ônibus de várias empresas, mas trabalhar no BRT é muito gratificante. Estou gostando muito de guiá-lo. O carro é automático, não preciso me preocupar em cobrar o dinheiro dos passageiros. Preocupo-me apenas em proporcionar segurança aos clientes e em parar nos terminais corretamente – analisou o motorista, na Estação Benvindo de Novaes.

Sobre o BRT TransOeste


- Possui atualmente 80 ônibus articulados em circulação. A capacidade por veículo é de 140 passageiros.

- Todos os ônibus possuem um sistema de GPS que é acompanhado pelo Centro de Monitoramento da TransOeste, desde a saída da garagem até o corredor BRT.

- Vários órgãos trabalham em conjunto no Centro de Monitoramento. Quando acionados, enviam imediatamente suas equipes de emergência.

- Câmeras espalhadas por todo o corredor monitoram a TransOeste, 24 horas por dia.

As dez mais

Cerca de 70 mil pessoas embarcam na TransOeste por dia. Confira a lista com as dez estações mais usadas pelos passageiros:

1° - Terminal Alvorada, com 17.170 passageiros.

2° - Terminal Santa Cruz, com 10.800 passageiros.

3° - Magarça, com 8.300 passageiros.

4° - Salvador Allende, com 3.900 passageiros.

5° - Gláucio Gil, com 3.120 passageiros.

6° - Curral Falso, com 3.050 passageiros.

7° - Mato Alto, com 2.600 passageiros.

8° - Pingo D´Água, com 2.300 passageiros.

9° - General Olímpio, com 2.000 passageiros.

10° - Recreio Shopping com 1.600 passageiros.

Estatísticas preocupantes


O BRT TransOeste fez sete vítimas fatais no período de um ano. Os acidentes ocorreram de várias maneiras e, de acordo com a Secretaria Municipal de Transportes, na maioria dos casos houve imprudência dos pedestres que atravessaram fora da faixa.

No ano passado, com apenas 12 dias de funcionamento, o BRT registrou duas batidas envolvendo o coletivo e veículos de passeio. Na época, a Secretaria Municipal de Transportes isentou os articulados, afirmando que os acidentes foram ocasionados por manobras irregulares dos automóveis, que acabaram atingidos pelos BRTs.

Em agosto de 2012, as críticas dos passageiros giravam em torno da falta de sanitários nos terminais e do perigo na hora de atravessar no semáforo. Na ocasião, o prefeito Eduardo Paes justificou:

— É inadmissível ver pessoas, ciclistas e até motociclistas utilizando a faixa vermelha. Os BRTs estão em pleno funcionamento e isso oferece risco de morte para essas pessoas. Vamos orientar os Guardas Municipais a coibir este tipo de prática.

O subprefeito da Barra e Jacarepaguá, Tiago Mohamed, fez coro ao prefeito:

— Em relação aos acidentes, o Centro de Operações é avisado imediatamente pelo motorista via rádio, além do mapeamento feito em cada veículo por intermédio do GPS. Há canaletas nas pistas, que são "saídas" para o veículo de trás desviar de um possível veículo enguiçado à frente. Assim como acontece pela Lansa, na Linha Amarela, vamos trabalhar para contornar os problemas na pista rapidamente — afirmou.

Mas os acidentes e atropelamentos não pararam de acontecer. Diante deste quadro, a Secretaria Municipal de Transportes informou que dará início, daqui a aproximadamente quinze dias, por meio da CET-Rio, a uma campanha educativa na Avenida das Américas. O objetivo é conscientizar os usuários sobre a importância de respeitar a sinalização no momento da travessia, visando evitar acidentes.

A opinião dos usuários

O carpinteiro Antônio da Silva, que mora em Barra de Guaratiba, usa o BRT todos os dias para trabalhar no Recreio Ele não esconde sua satisfação:

— Antes, os ônibus vinham completamente lotados do Terminal Mato Alto, onde pego o BRT. Hoje a história mudou. Temos conforto e mais carros à disposição. Considero o sistema bom. São bem melhores que os ônibus tradicionais, são mais rápidos e nos dão conforto.

Também o promotor de vendas Luiz Cláudio Costa enalteceu o sistema:

— Não faço uso dos BRTs diariamente, já que moro em Madureira.  Mas quando entro no BRT, não tenho do que me queixar. Pego o ônibus por volta das 10h e encontro conforto, viajo sentado, tranquilo. É uma “mão na roda” para quem mora em Campo Grande e Santa Cruz. Sei disso porque tenho amigos nos bairros e eles dizem que a viagem ficou mais rápida.

Já o marceneiro Cristian Coutinho faz críticas à superlotação e ao estado de conservação dos BRTs:

— Pego o BRT diariamente, de Vargem Grande até o trabalho, em Campo Grande. O maior problema é a superlotação nos horários de pico, das 17h às 20h, quando volto para casa. Além disso, algumas portas que dão acesso ao veículo não abrem. Esses são problemas antigos. Os novos vieram com o passar do tempo. Reparei que os ônibus estão danificados, não sei se, durante este primeiro ano, eles receberam algum tipo de manutenção — questionou.

A superlotação também foi apontada pelo pintor Edvaldo Xavier:

— Moro em Campo Grande e passo sufoco no Terminal Magarça, que vive lotado. Além disso, a prefeitura deveria colocar uma cobertura no terminal para que os passageiros não sofram em dias de chuva.  Já os terminais de recarga do cartão eu acho que funcionam bem. As pessoas é que não se programam, não antecipam a compra. Por isso, às vezes, formam muitas filas.

Metas

O Secretário Municipal de Transpostes, Carlos Roberto Osorio, destacou que a meta é levar o transporte publico no Rio a um novo patamar.

— Hoje menos de 20% das viagens na cidade são feitas por meio de transportes públicos de alta capacidade. Nossa meta é chegar a 2016 com mais de 60 % das viagens em transportes de alta capacidade. Ou seja, BRTs, trens e metrô. A mobilidade urbana é o maior desafio que as megacidades enfrentam no século 21 e este tema é particularmente complexo no Rio, devido às características geográficas e à falta de investimentos em infraestrutura de transportes, nas últimas décadas. Para vencermos este desafio, precisaremos oferecer ao carioca transporte público de massa com qualidade, para dar início à mudança de comportamento nos hábitos de deslocamento dos nossos cidadãos — afirmou.

O secretário explicou ainda que, até 2016, serão implantados quatro grandes corredores de BRTs, atendendo a todas as regiões da cidade e interligando o sistema com a rede de metrô e trem.

— Será possível reduzir em cerca de um terço a frota de ônibus da cidade, tirando das ruas aproximadamente três mil coletivos. Além disso, teremos reduções no tempo de deslocamento, oferecendo melhor serviço e qualidade de vida aos cidadãos. A Transoeste já é um exemplo disso, garantindo deslocamento de Santa Cruz à Barra da Tijuca, em menos da metade do tempo que as antigas linhas de ônibus convencionais — ressaltou.

Lote Zero

A mais recente atração do BRT atende pelo nome de Lote Zero, foi anunciada pela Prefeitura do Rio em maio e tem como finalidade ligar o Terminal Alvorada à futura estação de metrô do Jardim Oceânico, na Barra da Tijuca. As obras devem durar aproximadamente dois anos e integram a série de intervenções para os Jogos Olímpicos de 2016.

Os trabalhos começarão pelo trecho entre o Terminal Alvorada e o Barra Shopping. Entre o Downtown e o Jardim Oceânico, uma nova ponte será construída para o trânsito dos ônibus articulados. De acordo com a Subprefeitura da Barra e Jacarepaguá, as obras ainda não têm data de início. Hoje, do Terminal Alvorada para o Centro, por exemplo, o tempo estimado é de 95 minutos. Com a integração, este tempo cairá para 55 minutos.

O que vem por aí

Os 23 quilômetros de extensão da TransOlímpica, cujas obras começaram em julho de 2012, vão cortar bairros importantes como Magalhães Bastos, Curicica e Sulacap. Seu projeto prevê a construção, ao longo do trajeto, de 18 estações para o BRT, além de dois terminais.

Com um investimento total de R$ 1,5 bilhão, o corredor não terá sinais de trânsito em seu trajeto e fará ligação com a TransCarioca, na Taquara, e com a TransOeste, no Recreio. Ao todo, quatrocentas mil pessoas serão beneficiadas diariamente pela via, que vai reduzir o tempo de viagem dos passageiros de uma hora e 50 minutos para apenas 40 minutos.

O corredor cortará os bairros da Barra, Recreio dos Bandeirantes, Camorim, Curicica, Taquara, Jardim Sulacap, Magalhães Bastos, Vila Militar e Deodoro, transformando-se em uma opção à Linha Amarela para quem vive na Baixada Fluminense e nas regiões próximas à Avenida Brasil.

Passagem

Desde o dia 1º de junho, a passagem subiu de R$ 2,75 para R$ 2,95. A instituição da tarifa única para todos os ônibus, inclusive os BRTs, garantirá que a cidade atinja o objetivo de integração plena do sistema de ônibus urbanos por meio do Bilhete Único Carioca (BUC).

Os usuários poderão fazer qualquer integração ônibus/ônibus por meio do BUC, pagando apenas a tarifa modal básica (R$ 2,95).  Apenas os ônibus rodoviários com ar-condicionado (frescões) terão tarifa diferenciada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário