O BRT TransOeste completou um ano de funcionamento, na última
quinta-feira (6). A reportagem do portal Utilità Online traz, nesta
matéria especial, fatos marcantes sobre a recente história dos
articulados, como os benefícios trazidos pelo sistema e os acidentes
ocorridos.
Os BRTs passaram a funcionar durante 24 horas, dois
dias após a inauguração, e as 53 estações, de Santa Cruz à Alvorada,
foram entregues como a Prefeitura do Rio prometeu.
A TransOeste conta com 56 quilômetros de extensão e 64 estações, tem capacidade para atender até 220 mil passageiros por dia, e passa por sete bairros da cidade — Barra da Tijuca, Recreio dos Bandeirantes, Guaratiba, Santa Cruz, Cosmos e Campo Grande.
O
túnel da Grota Funda, que conta com 1.112 metros de extensão, mudou a
rotina de quem precisava atravessar a serra da Grota Funda para ir e
voltar do trabalho. O tempo de travessia, que antes chegava a 30 minutos
no horário de maior fluxo, leva hoje um minuto, em média. Não é
permitido o tráfego de caminhões — estes devem usar a serra para se
deslocar.
O motorista Clebiano Santos, que participou da evolução dos BRTs, rasga elogios aos articulados:
—
Já dirigi ônibus de várias empresas, mas trabalhar no BRT é muito
gratificante. Estou gostando muito de guiá-lo. O carro é automático, não
preciso me preocupar em cobrar o dinheiro
dos passageiros. Preocupo-me apenas em proporcionar segurança aos
clientes e em parar nos terminais corretamente – analisou o motorista,
na Estação Benvindo de Novaes.
Sobre o BRT TransOeste
- Possui atualmente 80 ônibus articulados em circulação. A capacidade por veículo é de 140 passageiros.
-
Todos os ônibus possuem um sistema de GPS que é acompanhado pelo Centro
de Monitoramento da TransOeste, desde a saída da garagem até o corredor
BRT.
- Vários órgãos trabalham em conjunto no Centro de
Monitoramento. Quando acionados, enviam imediatamente suas equipes de
emergência.
- Câmeras espalhadas por todo o corredor monitoram a TransOeste, 24 horas por dia.
As dez mais
Cerca de 70 mil pessoas embarcam na TransOeste por dia. Confira a lista com as dez estações mais usadas pelos passageiros:
1° - Terminal Alvorada, com 17.170 passageiros.
2° - Terminal Santa Cruz, com 10.800 passageiros.
3° - Magarça, com 8.300 passageiros.
4° - Salvador Allende, com 3.900 passageiros.
5° - Gláucio Gil, com 3.120 passageiros.
6° - Curral Falso, com 3.050 passageiros.
7° - Mato Alto, com 2.600 passageiros.
8° - Pingo D´Água, com 2.300 passageiros.
9° - General Olímpio, com 2.000 passageiros.
10° - Recreio Shopping com 1.600 passageiros.
Estatísticas preocupantes
O
BRT TransOeste fez sete vítimas fatais no período de um ano. Os
acidentes ocorreram de várias maneiras e, de acordo com a Secretaria
Municipal de Transportes, na maioria dos casos houve imprudência dos
pedestres que atravessaram fora da faixa.
No ano passado, com
apenas 12 dias de funcionamento, o BRT registrou duas batidas envolvendo
o coletivo e veículos de passeio. Na época, a Secretaria Municipal de
Transportes isentou os articulados, afirmando que os acidentes foram
ocasionados por manobras irregulares dos automóveis, que acabaram
atingidos pelos BRTs.
Em agosto de 2012, as críticas dos
passageiros giravam em torno da falta de sanitários nos terminais e do
perigo na hora de atravessar no semáforo. Na ocasião, o prefeito Eduardo
Paes justificou:
— É inadmissível ver pessoas, ciclistas e até
motociclistas utilizando a faixa vermelha. Os BRTs estão em pleno
funcionamento e isso oferece risco de morte para essas pessoas. Vamos
orientar os Guardas Municipais a coibir este tipo de prática.
O subprefeito da Barra e Jacarepaguá, Tiago Mohamed, fez coro ao prefeito:
—
Em relação aos acidentes, o Centro de Operações é avisado imediatamente
pelo motorista via rádio, além do mapeamento feito em cada veículo por
intermédio do GPS. Há canaletas nas pistas, que são "saídas" para o
veículo de trás desviar de um possível veículo enguiçado à frente. Assim
como acontece pela Lansa, na Linha Amarela, vamos trabalhar para
contornar os problemas na pista rapidamente — afirmou.
Mas os
acidentes e atropelamentos não pararam de acontecer. Diante deste
quadro, a Secretaria Municipal de Transportes informou que dará início,
daqui a aproximadamente quinze dias, por meio da CET-Rio, a uma campanha
educativa na Avenida das Américas. O objetivo é conscientizar os
usuários sobre a importância de respeitar a sinalização no momento da
travessia, visando evitar acidentes.
A opinião dos usuários
O
carpinteiro Antônio da Silva, que mora em Barra de Guaratiba, usa o BRT
todos os dias para trabalhar no Recreio Ele não esconde sua satisfação:
—
Antes, os ônibus vinham completamente lotados do Terminal Mato Alto,
onde pego o BRT. Hoje a história mudou. Temos conforto e mais carros à
disposição. Considero o sistema bom. São bem melhores que os ônibus
tradicionais, são mais rápidos e nos dão conforto.
Também o promotor de vendas Luiz Cláudio Costa enalteceu o sistema:
—
Não faço uso dos BRTs diariamente, já que moro em Madureira. Mas
quando entro no BRT, não tenho do que me queixar. Pego o ônibus por
volta das 10h e encontro conforto, viajo sentado, tranquilo. É uma “mão
na roda” para quem mora em Campo Grande e Santa Cruz. Sei disso porque
tenho amigos nos bairros e eles dizem que a viagem ficou mais rápida.
Já o marceneiro Cristian Coutinho faz críticas à superlotação e ao estado de conservação dos BRTs:
—
Pego o BRT diariamente, de Vargem Grande até o trabalho, em Campo
Grande. O maior problema é a superlotação nos horários de pico, das 17h
às 20h, quando volto para casa. Além disso, algumas portas que dão
acesso ao veículo não abrem. Esses são problemas antigos. Os novos
vieram com o passar do tempo. Reparei que os ônibus estão danificados,
não sei se, durante este primeiro ano, eles receberam algum tipo de
manutenção — questionou.
A superlotação também foi apontada pelo pintor Edvaldo Xavier:
—
Moro em Campo Grande e passo sufoco no Terminal Magarça, que vive
lotado. Além disso, a prefeitura deveria colocar uma cobertura no
terminal para que os passageiros não sofram em dias de chuva. Já os
terminais de recarga do cartão eu acho que funcionam bem. As pessoas é
que não se programam, não antecipam a compra. Por isso, às vezes, formam
muitas filas.
Metas
O Secretário
Municipal de Transpostes, Carlos Roberto Osorio, destacou que a meta é
levar o transporte publico no Rio a um novo patamar.
— Hoje menos
de 20% das viagens na cidade são feitas por meio de transportes
públicos de alta capacidade. Nossa meta é chegar a 2016 com mais de 60 %
das viagens em transportes de alta capacidade. Ou seja, BRTs, trens e
metrô. A mobilidade urbana é o maior desafio que as megacidades
enfrentam no século 21 e este tema é particularmente complexo no Rio,
devido às características geográficas e à falta de investimentos em
infraestrutura de transportes, nas últimas décadas. Para vencermos este
desafio, precisaremos oferecer ao carioca transporte público de massa
com qualidade, para dar início à mudança de comportamento nos hábitos de
deslocamento dos nossos cidadãos — afirmou.
O secretário
explicou ainda que, até 2016, serão implantados quatro grandes
corredores de BRTs, atendendo a todas as regiões da cidade e
interligando o sistema com a rede de metrô e trem.
— Será
possível reduzir em cerca de um terço a frota de ônibus da cidade,
tirando das ruas aproximadamente três mil coletivos. Além disso, teremos
reduções no tempo de deslocamento, oferecendo melhor serviço e
qualidade de vida aos cidadãos. A Transoeste já é um exemplo disso,
garantindo deslocamento de Santa Cruz à Barra da Tijuca, em menos da
metade do tempo que as antigas linhas de ônibus convencionais —
ressaltou.
Lote Zero
A mais recente
atração do BRT atende pelo nome de Lote Zero, foi anunciada pela
Prefeitura do Rio em maio e tem como finalidade ligar o Terminal
Alvorada à futura estação de metrô do Jardim Oceânico, na Barra da
Tijuca. As obras devem durar aproximadamente dois anos e integram a
série de intervenções para os Jogos Olímpicos de 2016.
Os
trabalhos começarão pelo trecho entre o Terminal Alvorada e o Barra
Shopping. Entre o Downtown e o Jardim Oceânico, uma nova ponte será
construída para o trânsito dos ônibus articulados. De acordo com a
Subprefeitura da Barra e Jacarepaguá, as obras ainda não têm data de
início. Hoje, do Terminal Alvorada para o Centro, por exemplo, o tempo
estimado é de 95 minutos. Com a integração, este tempo cairá para 55
minutos.
O que vem por aí
Os 23
quilômetros de extensão da TransOlímpica, cujas obras começaram em julho
de 2012, vão cortar bairros importantes como Magalhães Bastos, Curicica
e Sulacap. Seu projeto prevê a construção, ao longo do trajeto, de 18
estações para o BRT, além de dois terminais.
Com um investimento
total de R$ 1,5 bilhão, o corredor não terá sinais de trânsito em seu
trajeto e fará ligação com a TransCarioca, na Taquara, e com a
TransOeste, no Recreio. Ao todo, quatrocentas mil pessoas serão
beneficiadas diariamente pela via, que vai reduzir o tempo de viagem dos
passageiros de uma hora e 50 minutos para apenas 40 minutos.
O
corredor cortará os bairros da Barra, Recreio dos Bandeirantes, Camorim,
Curicica, Taquara, Jardim Sulacap, Magalhães Bastos, Vila Militar e
Deodoro, transformando-se em uma opção à Linha Amarela para quem vive na
Baixada Fluminense e nas regiões próximas à Avenida Brasil.
Passagem
Desde
o dia 1º de junho, a passagem subiu de R$ 2,75 para R$ 2,95. A
instituição da tarifa única para todos os ônibus, inclusive os BRTs,
garantirá que a cidade atinja o objetivo de integração plena do sistema
de ônibus urbanos por meio do Bilhete Único Carioca (BUC).
Os
usuários poderão fazer qualquer integração ônibus/ônibus por meio do
BUC, pagando apenas a tarifa modal básica (R$ 2,95). Apenas os ônibus
rodoviários com ar-condicionado (frescões) terão tarifa diferenciada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário