domingo, 10 de dezembro de 2017

BRT do Rio de Janeiro tem 22 estações em estado de abandono

Estação do BRT Cesarão 3 em completo abandono

Um mês após o Consórcio BRT ter ameaçado paralisar o corredor Transoeste na Av. Cesário de Melo, os ônibus continuam fazendo a ligação de Campo Grande a Santa Cruz. Mas as estações viraram terra de ninguém. A situação é pior nas imediações do Cesarão, onde duas foram fechadas após serem depredadas. Na quinta-feira, o EXTRA percorreu as 22 paradas do trecho, e em pelo menos em oito não encontrou bilheteiros. Havia apenas um controlador de acesso, cuja função é evitar que os passageiros pulem a roleta, mas eles dizem não ter como impedir a entrada dos caloteiros pelas laterais e, por medo de agressão, fazem vista grossa.
Comércio irregular toma conta da estação do BRT General Olímpio
Comércio irregular toma conta da estação do BRT General Olímpio Foto: Roberto Moreyra
Na Cesarão 2, nem a catraca está lá. O equipamento quebrou e não foi trocado. A iluminação interna é garantida por uma gambiarra, com lâmpadas em bocais pendurados por um fio. Segundo passageiros, a ligação foi feita diretamente da fiação de um poste da rua, por ambulantes que montaram bancas no interior da estação.
Cesarão 2 e o acúmulo de lixo
Cesarão 2 e o acúmulo de lixo Foto: Roberto Moreyra
— O BRT foi muito útil para a população. Agora, está abandonado. Quase ninguém paga a passagem, as estações não têm segurança, falta limpeza. Nesta, não há nem iluminação direito. Pegar ônibus à noite ou de madrugada é tenso — diz o mecânico Guilherme Abreu Lima, de 25 anos.
Passageiros entram de forma irregular na estação General Olímpio
Passageiros entram de forma irregular na estação General Olímpio Foto: Roberto Moreyra
A bilheteira Paola Jennifer da Silva, de 23 anos, que trabalhou mais de um ano nas estações da Cesário de Melo e há um mês foi transferida para uma no Recreio, contou que as bilheterias foram fechadas por causa do alto índice de calotes. Nelas, só foram mantidos os terminais de autoatendimento.
— Mas quando as máquinas estão ruins, as bilheteiras têm de sair de onde estiverem — contou a funcionária.
Sem fiscalização, mais um caso de entrada irregular
Sem fiscalização, mais um caso de entrada irregular Foto: Roberto Moreyra
Usuários se arriscam na frente dos veículos para subir pelas laterais, aproveitando que muitas portas de vidro foram arrancadas por vândalos. Funcionários fazem vista grossa.
— Tem que fingir que não vê. Afinal estou aqui todo dia e podem me pegar para fazer uma covardia — justificou um controlador de acesso.
O local virou morada de moradores de rua
O local virou morada de moradores de rua Foto: Roberto Moreyra
Na Cesarão 3 e na Vila Paciência, desativadas, moradores dizem que o pouco que sobrou, como corrimãos e ferragens, é roubado. Mas moradores sonham com a reabertura.
— A gente ainda tem esperança que um dia elas voltem a funcionar — diz Priscila de Souza, de 30 anos, que, apesar de morar ao lado da estação Vila Paciência, quando precisa usar o BRT tem que caminhar cerca de 500 metros até a Três Pontes ou cerca de um quilômetro até a Cesarão 2.
Roletas da Vila Paciência foram quebradas
Roletas da Vila Paciência foram quebradas Foto: Roberto Moreyra
Um prejuízo de R$ 800 mil com vandalismo
Segundo o consórcio, é impossível estimar quanto o grupo deixa de faturar por conta dos calotes, uma vez que os embarques ocorrem pelo lado exterior. Já o prejuízo mensal para manter as condições mínimas de operação do corredor no trecho, que atende 30 mil passageiros por dia, é de R$ 800 mil.
O BRT informou ainda que o risco operacional de que se feche o trecho com as 22 estações em curto prazo permanece. Sobre a falta de bilheteiro, o BRT esclareceu que decidiu deixar a máquina de autoatendimento funcionando”.
Com relação aos problemas da Cesarão 2, informou que a catraca de acesso de cadeirantes foi vandalizada. De acordo com o consórcio, funcionários são ameaçados e impedidos de fazer a manutenção dela.
Instalações elétricas irregulares tomam alimentam o comérico irregular
Instalações elétricas irregulares tomam alimentam o comérico irregular Foto: Roberto Moreyra
Projeto prevê fiscais e multa para calote
No fim de novembro, a Câmara Municipal derrubou o veto do prefeito Marcelo Crivella e aprovou uma lei contra o calote no BRT, prevendo multa de R$ 170 para caloteiros. Entretanto, para entrar em vigor, a medida ainda precisa ser publicada e regulamentada. O vereador Felipe Michel (PSDB), autor da proposta, acredita que ela vá reduzir a ação dos vândalos.
— Além de inibir os caloteiros que hoje há principalmente na região que liga Campo Grande a Santa Cruz, que gira em torno de 80 mil passagens dia, o valor das multas também será revertido na melhoria do serviço de transporte público — diz, acrescentando que os fiscais que aplicarão as multas podem contribuir com o aumento da sensação de segurança nas estações e no seu entorno.

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